operação caementa

Construção civil pode ser afetada por operação que investiga empresa que fornece concreto para obras

Joyce Noronha

Foto: Renan Mattos e Thays Ceretta (Diário)

A Operação Caementa - que investiga o Grupo Supertex pelos crimes de lavagem de dinheiro, corrupção, fraudes, sonegação e desvio de patrimônio - pode ter reflexo em toda a região, já que empresa é fornecedora de materiais de construção, principalmente concreto, para grandes obras de Santa Maria e cidades próximas.

O presidente do Sindicato da Construção Civil (Sinduscon) de Santa Maria, Samir Samara, diz que ficou surpreso ao saber da operação. Samara confirma, ainda, que a situação envolvendo a empresa pode atrasar construções e mexer com a economia do município. Segundo o advogado da Supertex, Roger de Castro, apesar de todos os esforços para manter a empresa operando, há risco de faltar concreto a partir de amanhã.

Oito são presos em operação que investiga grupo empresarial de Santa Maria por lavagem de dinheiro, fraude e corrupção

- São duas grandes empresas que prestam esse serviço para a cidade. A Supertex é uma delas. Nossa preocupação é que temos prazos a cumprir. Não sei como vai ser se a empresa fechar, ou mesmo se seguir fechada durante a semana. Sem falar nos funcionários, muitas famílias vão ficar desalentadas. Torcemos para que isso não aconteça - diz o presidente do Sinduscon.

Sobre as suspeitas de sonegação e outros crimes cometidos, Samara reforçou a surpresa, diz que não compactua com estas ações, mas conta que o dono da empresa é associado ao sindicato e que vai tentar prestar alento a ele no que for preciso.

O presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Serviços (Cacism), Rodrigo Decimo, diz que a maior perda será para os funcionários e suas famílias, que poderão sofrer muito caso as empresas da Supertex venham a fechar as portas.

SEM ORDEM JUDICIAL PARA FECHAMENTOFoto: Thays Ceretta (Diário)
Participam da coletiva de imprensa os delegados da PF (da esq. para direita) Diogo Caneda, Farnei Franco Siqueira, Getúlio Jorge de Vargas e os auditores da Receita Federal Darci Vanderlei Santinon e Ely Eduardo de Azevedo

Durante uma coletiva de imprensa dada por policiais federais e auditores da Receita Federal que estão à frente das investigações, Ely Azevedo, auditor da Receita, afirmou que não há uma ordem de interdição da empresa.

- Não temos ordem de interdição e esperamos que isso não aconteça. Temos noção da gravidade e do impacto desta operação na vida dos funcionários. São cerca de 500 pessoas nessa situação. Além disso, a maioria das obras da construção civil de Santa Maria utiliza o material fornecido por essa empresa. Sabemos do impacto que isso pode causar se a empresa for fechada. E queremos gerar o menor impacto possível na vida das pessoas - disse o delegado da Polícia Federal (PF) Diogo Caneda.

A OPERAÇÃO CAEMENTA

Na manhã de quarta-feira, a Polícia Federal e a Receita Federal deflagraram a Operação Caementa, que atingiu o maior grupo empresarial de Santa Maria do segmento de produção de concreto, extração e comércio de areia e pedra que movimentaria a cifra de R$ 1 milhão por dia. O grupo é investigado pelos cometer crimes de lavagem de dinheiro, desvio de patrimônio, fraude em licitação, omissão de vigência de contrato de trabalho, corrupção e organização criminosa.

O esquema envolveria desvio de patrimônio de parte da empresa, que estava em recuperação judicial, para empresas de fachada em nomes de laranja, não pagamento de impostos - cerca de R$ 189 milhões desviados -e fraude em licitações na cidade de Garibaldi. A investigação calcula que o prejuízo ao cofres públicos possa chegar a R$ 330 milhões.

Oito pessoas foram presas em Santa Maria: o principal investigado e sócio da empresa, Elizandro Basso, foi preso preventivamente (prisão por tempo indeterminado). Sua esposa, funcionários e o contador da empresa foram presos de forma temporária (prisão com vigência de 5 dias). Segundo o delegado da PF, Diogo Caneda, o "mentor da fraude seria o casal dono da empresa, que começou a ter ascendência nos negócios. Todo o esquema seria liderado a partir de Santa Maria"

A operação foi desencadeada simultaneamente em 14 cidades gaúchas e catarinenses onde o grupo empresarial tinha filiais: Santa Maria, Porto Alegre, Bagé, Carazinho, Caxias do Sul, Frederico Westphalen, Garibaldi, Maquiné, Panambi, Passo Fundo, Rosário do Sul, São Sebastião do Caí, Três de Maio e em Camboriú (SC). 

Foram apreendidos, na residência do sócio da empresa e de pessoas ligadas a ele R$ 365 mil em dinheiro (foto ao lado) e U$ 20 mil dólares (cerca de R$ 75 mil) (foto ao lado), além de caminhões, carros, celulares, HDs e computadores. A Justiça autorizou o bloqueio de contas bancárias e do patrimônio (imóveis e veículos) dos 8 investigados. 

O QUE DIZ O ADVOGADO DA EMPRESA 
Na tarde de quarta-feira, o advogado do grupo Supertex e dos oito envolvidos, Roger de Castro, afirmou ao Diário que irá pedir o habeas corpus de todos na quinta-feira. Ele e o colega Leonardo Santiago Sagrilo tiveram acesso ao inquérito no meio da tarde.

- Isso que está sendo divulgado não é verdade. A gente tem um documento, embasamento muito forte em tudo que foi feito, foi tudo legalmente feito e a gente vai comprovar isso no decorrer na investigação. A empresa está andando corretamente, teve muitos problemas antes da recuperação judicial, mas esses crimes eles não cometerem nenhum deles, tenho certeza absoluta - afirmou Roger.

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